quarta-feira, 14 de abril de 2010

Quem foi e o que fez Allan Kardec

Durante todo o século XVIII, a França se ergueu como o farol intelectual da civilização ocidental. Para lá iam artistas, professores, filósofos e cientistas. Apesar do esbanjamento e da corrupção da corte, Paris foi, desde muito tempo, a capital européia mais atrativa para os intelectuais do continente. Juntamente com a Alemanha, sua maior rival, a França era quem dirigia os rumos do intelecto humano, e foi com o Iluminismo que Paris passou ser conhecida como "a Cidade Luz", pois, depois de tanto tempo à mercê dos ditames do clero e da aristocracia, o homem era incentivado a ser independente, a pensar com a própria cabeça. "Todos os homens são iguais", era o slogan do Iluminismo, que nasceu e teve seus maiores conseqüências em solo francês.






Embora tenha sido, na verdade, um retumbante movimento burguês, com seus lamentáveis e invitáveis excessos, a Revolução Francesa teve o mérito de desmistificar a pseudo-superioridad e das classes privilegiadas (a corrupta aristocracia e o hipócrita clero católico), levantando a bandeira contagiante da "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", e da "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão". Evidentemente, a efervescência do período desembocou num paradoxo: surge o império napoleônico. Mas os frutos intelectuais da Revolução permitiram limpar a Europa do velho ranço aristocrático, forçando a melhoria dos direitos sociais em todas as nações do ocidente, fortificando, mais do que nunca, o papel do Direito.






Foi em meio a esse clima de mudanças e de reconstrução de um novo mundo, onde vingava, por toda parte, o perfume primaveril do romantismo, que nasce, a 03 de outubro de 1804, em plena era napoleônica, na cidade de Lyon, Hippolite Léon Denizard Rivail, que mais tarde adotaria o pseudônimo Allan Kardec. Ele era filho de um juiz, Jean Baptiste-Antoine Rivail, e sua mãe chamava-se Jeanne Duhamel.






Conta-se que o pai o iniciou com todo cuidado nas primeiras letras e o incentivou à leitura dos clássicos, já em tenra idade. Denizard Rivail sempre se mostrou muito interessado em ciências e em línguas. Após completar os primeiros estudos em Lyon, Denizard partiu para a Suíça, para completar seus estudos secundários na escola do célebre professor Pestalozzi, na cidade de Yverdun. Bem cedo o jovem de Lyon chama a atenção do mestre, que o coloca como seu auxiliar nos trabalhos acadêmicos que exercia, tendo algumas vezes substituído Pestalozzi na direção da escola, enquanto este empreendia alguma viagem de divulgação de sua metodologia de ensino ou era convidado para criar, em outras localidades, uma instituição nos moldes de Yverdun. Denizard também exercia com prazer o papel de professor, ensinando aos seus colegas as lições que aprendera. Ele, apesar de tão responsável, era visto como um jovem amável e espirituoso, mas muito disciplinado. Não há registros de que tenha sido mal-quisto em qualquer fase de seu período estudantil.






Denizard Rivail bacharelara- se em Letras e Ciências. Falava fluentemente vários idiomas. Após ser dispensado do serviço militar, resolve fundar, em Paris, uma escola nos moldes da de Yverdun, que foi chamada de Liceu Polimático. Ele estava empenhado no aperfeiçoamento pedagógico da educação francesa, e, por isso, escreveu vários livros no assunto, tendo sido premiado, em 1831, por seu trabalho, pela Academia Real de Arras. Por esta mesma época casa-se com a professora Amélie Gabrielle Boudet.






Quando tudo parecia ir bem, o sócio de Rivail, que era seus tio, leva o Liceu à ruína, por dissipar, no jogo, vastas somas. Nada restava a Rivail que pedir a liquidação do Instituto a que se dedicara com tanto amor. Com o dinheiro resultante da partilha, Rivail sofre um outro revés da sorte. Após ter aplicado o dinheiro na casa comercial de um de seus amigos, este logo abre falência, por realizar maus negócios, e Denizard se vê na constrangedora situação de nada mais ter.






Para poder sobreviver, Rivail se lança freneticamente a escrever livros didáticos e a trabalhar como contador de três firmas comerciais, o que lhe possibilitou, após o susto e o desespero iniciais, recuperar parte de seu antigo padrão de vida. Chegou a organizar, também, cursos de Física, Química, Astronomia e Anatomia Comparada que eram muito populares entre os jovens da época.






Depois de algum tempo, Denizard Rivail já tinha o necessário para viver com certo conforto e se dedicar ao ensino novamente.






Quase que paralelamente a estes acontecimentos na vida de Denizard Rivail, ocorre nos E.U.A um conjunto de fenômenos que deram início ao nascimento do moderno espiritismo (este termo, espiritismo, foi cunhado em 1857, por Rivail, para distinguir este movimento do de outras escolas espiritualistas) . Trata-se dos fenômenos ocorridos em Hydesville, estado de New York, em 1848, na casa da família Fox, que era metodista, e, portanto, longe de ter qualquer queda ou interesse por fatos que poderíamos hoje chamar de paranormais. As fortes pancadas que começaram a ser violentamente ouvidas no quarto das irmãs Katherine e Margaret e que se fizeram freqüentes por várias semanas levaram a primeira, então com nove anos, a desafiar "o batedor" a reproduzir as pancadas que ela mesma daria. A prontidão das respostas acabaria por marcar o início desse tipo de comunicação entre vivos e mortos (Enciclopédia Mirador-Britannica, p. 4171).






Por esta época, em Paris, estava em voga uma nova moda (como se dizia na época). Tratava-se das chamadas "mesas falantes" ou "mesas girantes", que consistia em se fazer perguntas ao redor de uma mesa ou outro móvel qualquer que respondia através de pancadas às perguntas formuladas. Isto era visto apenas como uma sutil e inexplicável diversão de salão, quando não era encarada como uma brincadeira ou embuste espirituoso. Mas havia quem levasse a sério tais coisas, pois muitas vezes as mesinhas davam respostas corretas sem que ninguém conseguisse provar o descobrir quem ou o que fazia as mesas responderem as questões. Convém notar que esta "moda" das mesinhas que giravam parecia ocorrer em todos os lugares e em vários países, num boom que dificilmente pode ser creditado ao acaso. Em 1854, Denizard ouve falar pela primeira vez sobre tais "fenômenos", mas sua primeira atitude é a de ceticismo: "eu crerei quando vir, e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, dêem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para provocar o sono".






Por insistência dos amigos, Rivail presencia algumas das manifestações físicas das mesinhas. Depois da estranheza e da descrença inicial, Rivail começa a cogitar seriamente na validade de tais fenômenos. Eis o que ele nos relata: "De repente encontrava-me no meio de um fato esdrúxulo, contrário, à primeira vista, às leis da natureza, ocorrendo em presença de pessoas honradas e dignas de fé. Mas a idéia de uma mesa falante ainda não cabia em minha mente". E ainda: "Pela primeira vez pude testemunhar o fenômeno das mesas que giravam e pulavam em tais condições que dificilmente poderia se acreditar serem frutos de embuste ou frade (...) Minhas idéias longe estavam de terem sofrido uma modificação, mas em tudo aquilo que se sucedia devia haver uma explicação" (segundo Henri Sausse, in Allan Kardec, ed. Opus, 1982). Foi em 1855 que Rivail testemunha pela primeira vez o fenômeno das mesas girantes. Passa então a observar estes fatos; pesquisa-os cuidadosamente e, graças ao seu espírito de investigação, que sempre lhe fora peculiar, resiste a elaborar qualquer teoria preconcebida. Ele quer, a todo custo, descobrir as causas. Como disse Henri Sausse: "(...) Sua razão repele as revelações, somente aceita observações objetivas e controláveis. (...) Vários amigos que acompanhavam há cinco anos o estudo dos fenômenos, (...) colocam à sua disposição mais de cinqüenta cadernos, contendo as comunicações feitas pelos Espíritos (...). O estudo desses cadernos constituiu, para Rivail, o trabalho mais profundo e mais decisivo. Foi por esse estudo que ele se (...) convenceu da existência do mundo invisível e dos Espíritos."






Ele utilizava o material dos cadernos, com as respostas dadas pelos supostos espíritos, para refazer as mesmas perguntas para outros médiuns, de preferência desconhecido dos primeiros. Com base nas novas respostas, Rivail comparava o conteúdo de ambas, e ficava perplexo com as similaridades freqüentes entre as elas. Ele reformulava as perguntas, e pedia a ajuda de amigos para fazê-las a outros médiuns, em outras localidades. Ele recebia as respostas e compilava-as organizadamente por tópicos e assuntos.






Como poderia pessoas que nunca se viram dar as mesmas respostas para as mesmas perguntas, às quais possuíam, freqüentemente, um grande peso filosófico e uma amplidão de conhecimentos que escapavam à formação ou aos conhecimentos normais dos médiuns? A única resposta lógica seria a de que agentes inteligentes as dariam por intermédio de certas pessoas com uma sensibilidade psíquica especial: os médiuns. Além do mais, Rivail notou que poderia existir uma extraordinária discrepância entre o desenvolvimento moral e intelectual de um médium e as comunicações obtidas em estado de transe, que na época se chamava estado sonambúlico, ou, algumas vezes, de mesmerização, nome devido ao pioneiro da hipnose, Mesmer. Sendo assim, a faculdade de comunicar-se com os agentes inteligentes invisíveis independente do grau de desenvolvimento espiritual do médium, havendo médiuns moralmente medíocres, e até mesmo, perversos, e outros médiuns de grande desenvolvimento moral, que podem, uns e outros, receberem mensagens de cunho elevado ou banal.






Por estarem numa dimensão diferente da nossa, estes agentes inteligentes invisíveis teriam de vivenciar uma realidade própria ao estado vibratório de sua dimensão que explicaria algumas características das repostas dadas. Isso abriria um imenso leque de cogitações e de explicações extraordinárias. Mas Rivail não se deixou levar pelo entusiasmo.






Ele percebeu claramente, desde o início, que muitas das respostas obtidas por meio dos médiuns eram tolas e pueris, e outras tinham muito a ver com os conhecimentos ou as crenças do próprio médium, embora, durante o transe, ele comumente não tivesse consciência do que dizia ou escrevia. Assim, Rivail chegou às seguintes conclusões:






Primeiro, se são agentes inteligentes não físicos que dão as respostas, nem por isso eles parecem ser muito diferentes dos homens vivos, pois suas respostas são parecidas às repostas que qualquer homem daria, inclusive dentro do nível de instrução a que tenham chegado, pois há respostas muito bem elaborados junto com muitas outras muito fúteis. E, segundo, algumas vezes as respostas são dadas de forma não-consciente, pelo próprio médium. Então, seria o agente inteligente do próprio médium que daria certas respostas, em certas ocasiões. Estas repostas não são destituídas de valor. Elas podem apresentar um extraordinário grau de maturidade, mesmo que sejam estranhas ao pensamento normal do médium quando em estado de vigília ou de consciência desperta normal.






Assim, Denizard Rivail reconhecia clara e lucidamente que as entidades, por serem seres extra-corpóreos, nem por isso eram necessariamente mais sábias que os homens encarnados. Elas mesmas diziam que nada mais eram do que os Espíritos dos homens que já morreram, e por isso mesmo, continuavam tão humanas e cheia de falhas quanto antes. E mais ainda, Rivail antecipou-se extraordinariamente em mais de quarenta e três anos a Sigmund Freud (1856-1939) ao reconhecer uma ação inconsciente pessoal agindo sobre a manifestação mediúnica, algumas vezes. Assim, poderemos nos perguntar, Rivail não teria sido um precursor da cética Psicanálise?






Com o estudo meticuloso das respostas dadas pelos espíritos, por meio de diversos médiuns e em diversas localidades de diversos países, Rivail teve suficiente material para compor um livro. Ele faz uma lúcida introdução sobre seu trabalho no prefácio da obra que fez nascer o moderno Espiritismo: O Livro dos Espíritos, lançado em Paris, em 18 de abril de 1857 (faça um download deste e de outros livros de Kardec na Home Page da FEB). Na capa da obra, está o nome do autor, ou melhor, o seu pseudônimo, Allan Kardec. Rivail preferiu por este nome em sua mais importante obra, para diferenciar sua temática das de suas obras anteriores, voltadas à educação e à pedagogia. E por que Allan Kardec? Bem, certa ocasião, depois repetida inúmeras vezes, um espírito, que se denominava de Z, havia dito a Rivail que eles haviam sido amigos numa vida anterior! Eles haviam vivido entre os Druidas, nas Gálias, e o nome de Rivail era, na ocasião, Allan Kardec. É incrível, mas mais uma vez uma antiga concepção (certeza?) fluente no ocidente desde Pitágoras, Sócrates, Platão, Plotino e entre os povos originários da Bretanha Maior e Menor, como os dos Celtas, bem como nos chamados movimentos heréticos como a dos Cátaros e a dos Templários, vinha à tona novamente na Europa: a idéia da Reencarnação.






De uma profundidade filosófica e psicológica desconcertantes, O Livro dos Espíritos possui passagens e reflexões que vão muito além do nível de conhecimento ordinário de sua época de publicação, inclusive no que tange aos aspectos científicos da obra. Citemos, só de passagem, a noção de evolução das espécies vivas dado pelos espíritos e comentado por Kardec, publicado nesta obra um ano antes do livro seminal de Charles Darwin, A Origem das Espécies, ou , ainda, da identidade entre matéria e energia (chamado por Kardec de fluido universal), que se diferenciam entre si apenas por um estado de condensação da energia, muito antes de Albert Einstein.... De igual modo, as noções de percepção de consciência como sendo diferentes manifestações de maturação psíquica lembra e muito as atuais abordagens da Psicologia, principalmente a Psicologia Transpessoal. Há momentos em que a apresentação da doutrina em O Livro dos Espíritos não fica a dever em nada às melhores teorias da personalidade da Psicologia moderna. A descrição de Kardec do Fluido Universal lembra a do conceito de orgônio, ou orgon, dado pelo psicanalista Wilhelm Reich, pai da Bioenergética. Da mesma forma, os fundamentos e causas do processo da reencarnação é idêntico aos fundamentos e causas postulados por alguns psicoterapêutas (muitos dos quais não conhecem Allan Kardec) e que, por meios de desenvolvimento e pesquisas diversos, a partir do atendimento clínico de pacientes, chegaram à técnica da Terapia de Vida Passada - TVP. E a filosofia de vida que a doutrina estimula a adotar é, em muitos pontos, similar às condições propícias ao desenvolvimento da auto-atualizaçã o que é o lema dos psicólogos humanistas, tais como Abraham Maslow e Carl Ransom Rogers. A noção de animismo aponta para o conceito de inconsciente que teve em Sigmund Freud seu mais sério teórico, e a de evolução espiritual lembra o processo de individuação postulado pelo gênio de Carl Gustav Jung.






E ainda mais assombroso, Kardec logo reconheceria que seu estudo sobre a comunicação dos chamados espíritos (como elas mesmas se diziam ser, as forças inteligentes) , que ele chamou de espiritismo, não trazia nada de realmente novo, a não ser o fato destes fenômenos serem vistos e entendidos sob a ótica moderna, científica: (...) Constituindo uma lei da natureza, os fenômenos estudados pelo Espiritismo hão de ter existido desde a origem dos tempos e sempre nos esforçamos por demonstrar que dele se descobrem sinais na Antigüidade mais remota. Pitágoras, como se sabe, não foi o autor da metempsicose (ou seja, da transmigração da alma pela reencarnação); ele o colheu dos filósofos indianos e dos egípcios, que o tinham desde tempos imemoriais (...) o que não padece dúvidas é que uma idéia não atravessa séculos e séculos, e nem consegue impor-se à inteligências de escol, se não contiver algo de sério (...)" (Kardec, p. 143 de O Livro dos Espíritos, ed. FEB).






É por isso também que a introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de 1864 (obra de cunho filosófico com o objetivo de esclarecer a posição da doutrina frente à mensagem do Cristo) traz um estudo histórico que culmina em um resumo do posicionamento de Sócrates e Platão como precursores dos mais elevados ideais cristãos e, em suas filosofias, de vários tópicos do espiritismo, como bem fica evidenciado no diálogo Fédon, de Platão. Já em O Livro dos Espíritos, Kardec tece comentários sobre a ancestralidade das idéias básicas do espiritismo (c.f. capítulo V da obra citada) e como os fenômenos ditos espíritas são universais.






Os fenômenos que caracterizam o espiritismo, especialmente o da comunicação entre vivos e "mortos", são mencionados e reconhecidos como existentes em todas as épocas da humanidade, qualquer que seja a cultura considerada. Um dos mais antigos e claros registros a este respeito, dentro de nossa tradição judáico-cristã , é a referência bíblica que está em 1 Samuel 28,7-19, onde Saul visita a pitonisa (médium) de En-Dor, que lhe possibilitou a comunicação com o espírito do profeta Samuel. Os fenômenos referentes ao Novo Testamento, mais apropriadamente aos Evangelhos, podem ser consultados na Home Page sobre Jesus.






A idéia da reencarnação, por exemplo, é tão antiga e universal quanto a própria humanidade (ver o capítulo V de O Livro dos Espíritos), e é a base de diversas tradições filosóficas e religiosas do oriente, como o Budismo e o Hinduismo, por exemplo, e a das religiões pré-cristãs da Europa, como a dos Druidas, ou, posteriormente, baseados no cristianismo, o posicionamento de alguns pais da Igreja antes do concílio de Constantinopla, em 533, quando a doutrina da reencarnação foi abolida por motivos políticos, mas que é encontrada em figuras excepcionais da igreja, como em Orígenes de Alexandria, só para citar um exemplo. Ainda houve a presença de alguns movimentos fortemente contestatórios da ação da Igreja de Roma, como a dos Cátaros, embora os conhecimentos antropológicos, históricos e sociológicos de seu tempo não permitissem a Kardec ir muito além na análise destas tradições, filosofias e ocorrências históricas. Além do mais, diferentemente de outras escolas espiritualistas, Kardec fez absoluta questão de expor seus estudos de forma racional, sem cair nas armadilhas do discurso místico ordinário, mais levado pela emoção e pela fantasia que pela razão, a partir de fatos, fenômenos e percepções reais, com o máximo zelo à análise e ao cuidado da descrição dos fenômenos a partir de sólidos referenciais lógicos. Seu trabalho seria, então, de trazer ao nível intelectual moderno alguns fenômenos que sempre acompanharam o homem em sua história e que foram negligenciados pela ciência mecanicista moderna, principalmente a partir do legado mecanicista de Descartes e de Newton, apesar de ambos terem sido pessoas espiritualizadas, principalmente o segundo, que foi o primeiro grande cientista da era moderna e o último grande mago dos tempos alquímicos.






Em 1º de Janeiro de 1858, Allan Kardec publica o primeiro número da Revista Espírita, que serviu como poderosa auxiliar para os trabalhos ulteriores e para a divulgação da Doutrina Espírita na Europa e América.






Segundo Henri Sausse, "em menos de um ano (...)", a Revista Espírita "(...) estava espalhada por todos os continentes do Globo. (...) De tal maneira aumentou o número de assinantes, que Kardec, a pedido destes, reimprimiu duas vezes as coleções de 1858, 1859 e 1860 (...)".






Dentre os mais célebres admiradores, amigos e estudiosos de Kardec ou do espiritismo, destacamos o famoso astrônomo francês Camille Flammarion, o filósofo H. Bergson, o psicólogo e filósofo William James, o físico William Crookes, o biólogo Alfred Russel Wallace, o físico Oliver Lodge, o escritor Arthur Conan Doyle, dentre inúmeros outros.






Podemos expor a importância do trabalho de Kardec por estas palavras do pai da moderna Parapsicologia, o fisiólogo Charles Richet: "Allan Kardec foi o homem que no período de 1857 a 1871 exerceu a mais penetrante influência, e que traçou o sulco mais profundo na ciência metapsíquica" (Charles Richet in "Traité de Métapsychique", p. 34). Da mesma forma, vários outros estudiosos confirmam a importância de Allan Kardec no desenvolvimento dos estudos psíquicos no mundo inteiro. Camille Flammarion, um dos maiores astrônomos da história, sempre lhe foi grato pelos estudos que eram correntes na Sociedade de Estudos Espíritas de Paris, e foi ele quem fez o discurso fúnebre de Kardec, e a lista poderia se alongar com o nome de vários outros célebres pesquisadores, como Ernesto Bozzano, César Lombroso, dentre vários outros.






Em 1º de abril de 1858, Allan Kardec funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que tinha por objetivo "(...) o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e suas aplicações às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas. (...)" - Não era intenção de Kardec fundar uma religião, como ocorreu posteriormente a partir do seu legado. Para ele "A ciência espírita compreende duas partes: uma experimental, relativa às manifestações em geral; a outra, filosófica, relativa às manifestações inteligentes e suas conseqüências" (Kardec, in O Livro dos Espíritos, tópico XVII da Introdução). Discutiremos sobre isso mais adiante, tomando o próprio Kardec e outros autores como referência.






Em outubro 1861 ocorreu um patético acontecimento, para não dizer repulsivo. Trata-se do famoso "Auto-de-Fé", promovido pela Igreja Católica na cidade de Barcelona, Espanha, onde foram queimadas em praça pública cerca de trezentas publicações espíritas. Estas obras, encomendadas a Allan Kardec pelo bibliotecário e livreiro Maurício Lachâtre, foram enviadas de forma comum, nas condições alfandegárias normais, tendo as taxas de importação sido pagas pelo destinatário às autoridades espanholas; porém a entrega das encomendas não foi realizada. Elas foram confiscadas pelo Bispo de Barcelona, com a seguinte justificativa: "A Igreja Católica é universal, e estes livros são contrários à fé católica, não podendo o governo (veja só, voltamos a ter a mistura do poder temporal com o religioso, sendo este último mais forte) permitir que eles passem a perverter a moral e religião de outros países".






Talvez com saudades dos áureos tempos de absoluto domínio das consciências humanas, à base de ferro e fogo, o douto Bispo de Barcelona, em doentia demonstração de esnobismo típicas de quem se acha no direito pertencer à seleta instituição dos únicos representantes da vontade de Deus na Terra, fez reacender as fogueiras que tantas vítimas inocentes fizera em séculos anteriores, onde, pelas mãos de um carrasco, as obras foram queimadas certamente no lugar das pessoas que deveriam lá estar: os espíritas franceses em geral, e um homem em particular: Allan Kardec. Em tudo a pantomima seguiu as regras de uma execução inquisitorial, como podemos ler pelos autos do processo:


"Assistiram ao auto-de-fé:


"Um padre, com seus hábitos sacerdotais, tendo, em uma das mãos, a cruz e, na outra, uma tocha;


"Um tabelião encarregado de redigir o processo verbal do auto-de-fé;


"O assistente do tabelião;


"Um funcionário superior da administração das alfândegas;


"Três serventes da alfândega, com a função de alimentar o fogo;


"Um agente da alfândega, representando o proprietário das obras condenadas;


"Uma incalculável multidão se fez presente, enchendo os passeios, cobrindo a esplanada onde ardia a fogueira;


"Depois de o fogo ter consumido os trezentos volumes e brochuras espíritas, o sacerdote e seus auxiliares retiraram-se cobertos pelas vaias e maldições dos inúmeros assistentes, que bradavam: Abaixo a Inquisição!


"Depois, muitas pessoas, em protesto, aproximaram- se e apanharam as cinzas".


E, graças a esta demonstração de brutalidade da religião de Roma, o espiritismo acabou tendo uma grande repercussão em toda a Espanha, granjeando inúmeros adeptos. De certa forma, este ato alçou o Espiritismo ao mesmo patamar de outros mártires da liberdade de espírito, incluindo Jacques DeMolay, Galileu, Giordano Bruno e aquela que, com toda a infalibilidade papal, foi condenada como bruxa à fogueira para, quatro séculos depois, ser elevada à categoria de santa, Joana D'Arc (demorou bastante para a infalibilidade papal reconhecer o erro).






Eis uma observação de Kardec, na Revue Spirite de 1864, p. 199, com respeito à divulgação do Espiritismo como uma religião pelos doutores da Lei da era moderna: "Quem primeiro proclamou que o Espiritismo era uma religião nova, com seu culto e seus sacerdotes, senão o clero? Onde se viu, até o presente, o culto e os sacerdotes do Espiritismo? Se algum dia ele se tornar uma religião, o clero é quem o terá provocado".






Kardec passou o resto da de sua vida no mister de divulgar os resultados de seus estudos e os de outros colegas. Empreendeu inúmeras viagens pela França e pela Bélgica entre 1859 a 1868, e escreveu várias brochuras e pequenos artigos para a divulgação do Espiritismo.






Kardec escreveu ainda muitos outros livros, entre eles se destacam O Livro dos Médiuns, de 1861; em 1864, O Evangelho Segundo o Espiritismo; em 1865, o maravilhoso O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo; em 1868, A Gênese. Sempre lúcido e lógico, soube como enfrentar a oposição e difamação de inimigos gratuitos com dignidade e nobreza, reconhecendo quando algum argumento oposto tinha um valor sério e sincero. Manteve-se à frente da Societé Parisiene D'Études Spirites, além de escrever outros livros e artigos para a Revista Espírita, até seu desencarne, ocorrido em 31 de março de 1869, aos 65 anos de idade, causado por um colapso cardíaco.






Princípios básicos da Doutrina Espírita






- Deus -






Existe uma Inteligência Suprema, Absoluta, não cogniscível, Causa Primária de todas as coisas, que se chama Deus, Jeová, Iavé, Alá, Brahman, O Uno, Grande-Espírito, etc. Não há efeito sem causa. A causa de um universo ordenado é, pois, uma causa acima do universo. Deus, portanto.






Deus está acima de qualquer definição. Como nos fala Plotino, Deus está, por ser Absoluto, acima de qualquer definição, pois Ele/Ela é infinito em seus atributos e perfeições. Além, portanto, das limitações do pensamento intelectual humano. Qualquer que seja a palavra usada para se ter uma idéia de Deus, ela sempre estará expressando algo de limitado, humano. Mas, ainda assim, podemos dizer, numa etapa didática de analogia possível ao homem, que Deus é eterno, imutável, imaterial, único, soberanamente justo e bom e Infinito em todas as suas perfeições. Mesmo estas definições são coisas sem muito sentido para se definir Deus. Expressam pálidas idéias humanas, e seu sentido pode variar de uma para outra pessoa. E é por isso que assim falam os espíritos: "Creia, não queiras ir além do fato intuitivo da existência de Deus. Não vos percais num labirinto que vos confundirá e do qual não podereis sair. Isso não vos tornará melhores, mas um pouco mais orgulhosos, porque vocês acreditaram saber sobre algo que, na verdade, vos escapa e do qual nada, em realidade, sabes. Deixai, pois, de lado todos estes sistemas que apenas vos dividem; tendes bastante coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertar delas, o que vos será mais útil e mais benéfico do que pretenderes penetrar com vossas limitações no que é impenetrável" (Resposta dada pelos espíritos à pergunta nº 14 de O Livro dos Espíritos)






- O Espírito -






Há no homem, ou melhor, É o homem, em sua essência, um princípio inteligente, a que normalmente chamamos "Alma" ou "Espírito", independente da matéria, em íntimo contato com o corpo, que é-lhe instrumento de aperfeiçoamento, e que possui todas as faculdades morais e psíquicas inerentes ao ser humano.






As doutrinas materialistas são, em grande parte, responsáveis pelo estado de náusea e desesperança que aflige, em grande parte, a humanidade. Veja-se o tópico sobre Holismo para um maior aprofundamento sobre esta afirmação.






O Espiritismo, enquanto Ciência (aspecto tão enfatizado por Allan Kardec, mas, atualmente, um tanto negligenciado pelos espíritas brasileiros, que transformaram a doutrina em quase que unicamente uma religião), o Espiritismo prova a existência da alma por meio dos atos inteligentes do homem e pelos atos inteligentes das manifestações mediúnicas.






A alma humana, ou espírito, sobrevive ao corpo, embora traga em si traços deste corpo, e conserva a sua individualidade após a morte deste.






A alma do homem é ditosa ou infeliz depois da morte em conseqüência direta de seus atos durante a vida, que se inscrevem em sua consciência moral.






A existência de um Ser Supremo, Deus, a alma e a sobrevivência e individualidade da alma após a morte do corpo, bem como o estado de felicidade ou infelicidade futuras, constituem princípios básicos fundamentais de, praticamente, todas as religiões. Por isso todas as religiões são válidas. Elas representam modalidades do entendimento do transcendente de acordo com os diversos estados de consciência do ser humano.






Todas as criaturas vão, sucessivamente, evoluindo no plano moral e intelectual, pelas diversas etapas por que passam nas várias reencarnações, num contínuum que vai surgindo em progressão dos reinos inorgânicos até os mais incorpóreos e espirituais.






A Terra não é o único planeta habitado, e nem o mais aperfeiçoado. Existem uma infinidades de mundos habitados, que oferecem vários âmbitos de evolução e aprendizado para os espíritos.






Há uma lei de causalidade moral, conhecida como Lei do Carma, que interliga as várias vidas sucessivas do espírito, de modo a lhe dar o meio condizente com os atos praticados anteriormente, mas onde pode atuar agora, por meio de seu livre-arbítrio.






Comentários






O aspecto moral da doutrina, resultante da filosofia espírita, foi posteriormente confundido e amalgamado com um aspecto religioso. Por possibilitar, através de sua filosofia, uma religação efetiva com a dimensão espiritual do homem, o espiritismo permite usufruir ao seu estudioso um sentimento de religiosidade, no sentido latino do termo (religare, ou seja de se religar com algo superior, transcendente) que vai muito além do sentido atual da palavra religião. A Religiosidade, que é sentimento superior ao estreito rótulo da religião, é que preenche de fato a doutrina espírita.






É o próprio Kardec quem também nos fala que o espiritismo, por ser uma ciência e uma filosofia, "é, pois, a mais potente auxiliar da religião" (Kardec, O Livro dos Espíritos, página 111 da edição da FEB), sendo, pois, algo que, se não é uma religião em si, a não ser que se queira isso, respeita todas as religiões, pois elas são a expressão da ânsia humana pelo sublime e pelo transcendente, e são válidas, assim como cada teoria de personalidade, na Psicologia, é válida de acordo com o posicionamento e maturação psicológica e emocional de cada indivíduo. Infelizmente, fizeram do espiritismo o que bem quiseram, do mesmo modo como fizeram o que bem quiseram dos ensinos do Cristo, de Sócrates, e outros....






Um estudo realmente aprofundado e sistematizado do obra de Kardec esclareceria a todos sobre estes pontos, que acredito ser de fundamental importância para a maturação da tolerância entre as diferenças religiosas e uma vacina contra qualquer tipo de dogmatismo que, vez por outra, parece brotar no posicionamento religioso de alguns espíritas e dirigentes espíritas brasileiros que, por força da tradição católica em nossa cultura, têm transformado alguns centros - que deveriam ser casas sérias de estudos psíquico-espirituais - em verdadeiras igrejas - e sem a competência destas, pois algumas pessoas passam a dar palestras sem mínimo de aprofundamento na doutrina ou nas ciências psíquicas, como em psicologia e psiquiatria, além das leituras básicas da codificação kardequiana, tirando conclusões apressadas e/ou equivocadas de alguns fenômenos psicológicos que incidem sobre parte de nossa população, taxando-os de obsessão e outras coisas mais. Ora, nem todos os problemas são causados por perturbações espirituais - isso é acusar os espíritos injustamente -, ou, se existe alguma parcela disto, foi por algum desajuste primeiro do sujeito encarnado, desajuste de cunho íntimo e pessoal que precisa de tratamento mais dirigido ao aspecto psicológico, mudando seus o padrão de pensamentos e os hábitos mentais imediatos que é a causa de atração do espírito desencarnado, por sintonia psíquica. Sendo assim Kardec apontou para o fato de que muitos de nossos desajustes se devem à causas psicossomáticos e espirituais interligadas, pondo-se, portanto, bem à frente do desenvolvimento da psicologia de seu tempo, apontando para as teorias correntes agora, nos meios acadêmicos sobre o papel da medicina psicossomática na dinâmica das doenças e distúrbios mentais.






Kardec tinha plena consciência do fato de que os conhecimentos adquiridos em seus estudos eram apenas o primeiro passo de uma longa jornada, e, como nos fala o grande escritor Léon Denis em sua obra "Depois da Morte", no capítulo XX, "A doutrina de Allan Kardec, nascida - não será demasiado repeti-lo - da observação metódica, da experiência rigorosa, não se torna um sistema definido, imutável, fora e acima das conquistas futuras da ciência. Resultado combinado de conhecimentos dos dois mundos, de duas humanidades de planos paralelos penetrando-se uma na outra, ambas, porém, imperfeitas e a caminho do entendimento de verdades mais profundas, do desconhecido, a Doutrina dos Espíritos transforma-se sem cessar, pelo trabalho e pelo progresso, e (...) acha-se aberta às retificações, aos esclarecimentos do futuro". E é isto que tem de ficar bem claro para o movimento espírita brasileiro, com alguns setores cristalizados e dogmatizados. A verdade é muito ampla para estar contida apenas nas obras do primeiro período da codificação, e as ciências evoluem para uma compreensão mais holística do homem e do universo que deve estar presente também nas nossas casas de estudo espíritas. E se há ainda pessoas que se realizam apenas no aspecto religioso do movimento, muitas outras há, especialmente entre os jovens, que anseiam por ver novos horizontes onde possam se lançar à altos vôos com as duas asas, como nos fala Emmanuel, da razão e a do coração.






Neste sentido é bom relembrar mais algumas palavras do próprio Kardec:






"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com AS BASES FUNDAMENTAIS DE TODAS AS RELIGIÕES: DEUS, A ALMA E A VIDA FUTURA. MAS NÃO É UMA RELIGIÃO CONSTITUÍDA, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote" (...) "O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adeptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade". (Kardec, in "Obras Póstumas" - Ligeira Resposta aos Detratores do Espiritismo, páginas 260 e 261 da 21º edição da FEB, com destaques meus).






Ora, é muito lamentável que algumas instituições que se dizem espíritas tenham em seus meios pessoas com a pseudo-sabedoria de se arvorarem donas de todo o conhecimento e evitem o contato com outros sistemas de pensamento ou com as novas descobertas científicas. Esquecem-se, em nome do dogmatismo e da vaidade, os dois mandamentos essenciais do espiritismo: "Espíritas, amai-vos, eis o primeiro mandamento; instruí-vos, eis o segundo", e põem um limite quase instransponível entre a mesa, com seus dirigentes, e a assembléia, num arremedo de hierarquia, arremate de um nível de poder político comum às religiões institucionalizadas . Ainda há tempo de retomar a seara da forma como foi planejada por Kardec, basta humildade e solidariedade, nada mais, junto com um sincero desejo de estudar e de instruir-se. Felizmente nas fileiras espíritas brasileiras existem lumiares de alto valor dentro do aspecto científico e filosófico, como Hernani Guimarães Andrade, Henrique Rodrigues, Hermínio C. Miranda, Clovis Nunes, Jorge Andrea, Raul Teixeira, Divaldo P. Franco e, por meio de sua mediunidade maravilhosa, Francisco Cândido Xavier. De forma mais ou menos indireta, também temos a obra fantástica de Pietro Ubaldi que, com a sua A Grande Síntese demonstrou algumas das temáticas só agora mais ou menos popularizadas ou divulgadas como conseqüência da evolução da Física Quântica ou da concepção Holística da filosofia da ciência que foram divulgadas em grande parte nas obras de Fritjof Capra. Mas isto é um outro assunto.






Acho que o precioso trabalho de Allan Kardec ainda há de ser reconhecido pelas gerações vindouras. O sucesso que sua obra logrou a ter na segunda metade do século XIX, foi, de certa forma, ofuscada pelas crises e guerras sucessivas por que passou a Europa, que acabou por entrar numa fase de descrença existencial, com a perda de seus idéias mais espirituais, bem exemplificada pelo niilismo e mecanicismo do século XX, bem como pelo surgimento de outras correntes espirituais mais esotéricas, de sabor fortemente ocultista e, por isso mesmo, mais atraentes para algumas pessoas às quais o mecanicismo de nossa época desagrada, como a Teosofia de H. P. Blavatisk, e outras. Mas só o tempo, como agora parece ocorrer, dirá o que de fato é a obra de um dos homens mais universais do século XIX.






Bibliografia Sugerida


Atenção: Alguns dos livros espíritas aqui indicados podem ser retirados (por download) pela internet em http://www.bauhaus. com.br/secd/ ou em http://www.febrasil .org.br/lesp_ br.htm Enciclopédia Mirador-Britannica, 1992.


Kardec, Allan A Codificação da Doutrina Espírita - Coletânea das Obras básicas de Kardec, Instituto de Difusão Espírita, São Paulo, 1997. Kardec, Allan O Livro dos Espíritos, Federação Espírita Brasileira, São Paulo, 1990.


Kardec, Allan O Que é o Espiritismo, Federação Espírita Brasileira, São Paulo, 1990.


Kardec, Allan O Livro dos Médiuns, Lake, São Paulo, 1988.


Kardec, Allan O Céu e o Inferno, Lake, São Paulo, 1988.


Kardec, Allan Obras Póstumas, Federação Espírita Brasileira, São Paulo, 1990.


Wantuil, Zeus & Thiesen, Francisco Allan Kardec, vol. I, II e III, Fed. Espírita Brasileira, 1984.


Sausse, Henri Biografia de Allan Kardec em Allan Kardec, Ed. Opus, São Paulo,1982.










João Pessoa, Paraíba, 02/01/1997


Revisto e ampliado em 10 de março de 1998


Seja honesto conigo mesmo, respeite os direitos do autor, não plagiando-o


Copyright (C) 1997 by Carlos Antonio Fragoso Guimarães



Os Mentores De Cura

Quem São


Os mentores de cura trabalham em diversas religiões, inclusive na Umbanda. São muito discretos em sua forma de se apresentar e trabalhar, e estas formas mudam de acordo com a religião ou local em que irão atuar. São espíritos de grande conhecimento, seriedade e elevação espiritual. Alguns deles não demonstram muito sentimento mas mesmo assim têm muita vontade de ajudar ao próximo, com o tempo tedem a evoluir também para um sentimento maior de amor ao próximo.

São extremamente práticos, não aceitando conversas banais ou ficar se extendendo a assuntos que vão além de sua competência ou nos quais não podem interferir, pois não são guias de consulta no sentido ao qual estamos habituados na Umbanda.

Para se ter uma idéia melhor, sua consulta seria o pólo oposto à consulta com um Preto Velho. Normalmente os pretos velhos dão consultas longas, cheias de ensinamentos de histórias, apelando bem para o lado emocional. Já os Mentores de Cura, se dirigem ao raciocínio, buscam fazer o encarnado compreender bem as causas de suas enfermidades e a necessidade de mudança nessas causas, bem como a necessidade de seguirem à risca os tratamentos indicados. Quando precisam passar algum ensinamento o fazem em frases curtas e cheias de significado, daquelas que dão margem à longas meditações.

São espíritos que quando encarnados foram: Médicos, Enfermeiros, Boticários, Orientais (que exercem sua própria medicina desde bem antes das civilizações ocidentais), Religiosos (monges, freis, padres, freiras, etc.), ou exerceram qualquer outra atividade ligada a cura das enfermidades dos seres humanos, seja por métodos físicos, científicos ou espirituais.

Métodos de Trabalho

Cada guia tem sua forma de restituir a saúde aos encarnados, normalmente se utilizam de meios dos quais já se utilizavam quando encarnados, mas de forma muito mais eficiente, pois após chegarem ao plano espiritual puderam aprimorar tais conhecimentos. Além disso esses espíritos aprenderam a desenvolver a visão espiritual, através da qual podem fazer uma melhor anamnese (diagnóstico) dos males do corpo e da alma.

Aliados aos seus próprios métodos individuais eles se utilizam de tratamentos feitos pelas equipes espirituais ou ministrados pelos encarnados com auxílio do plano espiritual.

Alguns deles são:

Cirurgia Espiritual

É realizada pelo mentor de cura incorporado ao médium. E envolve a manipulação do corpo físico através das mãos do médium, podendo ou não haver a utilização de meios cirúrgicos elementares (cortes, punções, raspagens, etc…). O maior representante deste método de trabalho no Brasil é o espírito do Dr. Fritz, mas este método é utilizado em diversas culturas e religiões.

Cirurgia Perispiritual

É realizada diretamente no perispírito do paciente, com ou sem a colaboração de um médium presente, costuma ser realizada por uma equipe espiritual designada especificamente para cada caso e ser feita em dia e horário pré determidados.

Visita Espiritual

É realizada por uma equipe espiritual, que visita o paciente no local onde ele estiver repousando, também com um dia e hora predeterminados. Na visita, darão passes, farão orações, etc…

Cromoterapia

É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiúns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizado para males de origem emocional.

Fluidoterapia

É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiúns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no perispírito.

Reiki

É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiúns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizada para males de origem emocional ou psíquica e para realinhamento de chacras.

Homeopatia

Indicada e receitada pelos mentores espirituais. As fórmulas são feitas normalmente por laboratório de manipulação homeopáticos. E devem ser tomados de acordo com o determinado.

Outros

Fora estes tratamentos, também podem ser utilizados, florais de Bach, cristaloterapia, chás, aromaterapia, acumpuntura, do-in, etc…

Em alguns casos os guias também indicam dietas, alimentos a serem evitados ou ingeridos para melhoria da saúde geral.

OBS: Para o momento da visita espiritual e cirurgia espiritual: O paciente deverá vestir-se e deitar-se com roupas claras (de preferência branca); ficar num ambiente calmo, com pouca luz e colocar ao lado um copo d’água para ser bebida após o tratamento.

Após a visita e a cirurgia, o paciente deverá manter-se em abstenção por mais 6 horas, para que a energia doada seja melhor absorvida.

Como interagem com os médiuns

Incorporação

É muito sutil e dificilmente inconsciente a incorporação dos mentores de cura. Muitas vezes atuam apenas na fala e só assumem o controle motor quando necessário.

Intuição

Alguns mentores trabalham com seus médiuns apenas pela via intuitiva, indicando as providências a tomar e tratamentos. Neste caso, é necessário um grande equilíbrio e desenvolvimento do médium, para que o mesmo não atrabalhe nas indicações dadas pelo mentor.

Psicografia (Receitistas)

Funciona da mesma forma que a psicografia comum, mas os espíritos comunicantes costumam psicografar receitas de tratamentos e medicamentos (que em alguns casos podem até mesmo ser da medicina comum).



Equipes Espitituais

Cirúrgicas

São formadas da mesma forma que as equipes cirúrgicas do plano material, compostas de cirurgião, assistente, anestesista, instrumentista, enfermeiros, etc… Apnas diferem no que se refere aos instrumentos e tecnologia utilizados. Incluindo também a aplicação de passes e energias associados a intervenção cirúrgica.

De Oração


Formadas normalmente por espíritos religiosos, acostumados às preces quando encarnados. Estas equipes se reúnem junto ao paciente em uma corrente de orações com finalidade de equilibrar o mental e emocional do paciente e também de buscar energias dos planos superiores. Como efeito adicional, a prece tende a elevar a energia gelal do ambiente onde está o paciente, asiim como dos encarnados que estam atuando junto ao mesmo.

De Proteção


Quando o mal físico está associado a interferência de espíritos inferiores, essas equipes fazem a proteção do paciente, enquanto o mesmo é tratado nas cirurgias ou visitas, ou enquanto está seguindo as recomendações indicadas pelos mentores de cura.

De Passes (passe espiritual)

Seu trabalho é realizado em sua maior parte durante as sessões de cura e durante as visitas espirituais. Dando passes no paciente, nos asistentes e nos médiuns; antes, durante e após a sessão.

De Apoio

Estas equipes atuam levantando o histórico do paciente diretamente no seu campo mental, preparando-o através da intuição para a consulta, estimulando- o através do pensamento a reeducar hábitos nocivos, a mudar as situações que estejam prejudicando a própria saúde, inspirando-os força de vontade para continuar os tratamentos e seguir as recomendações e dietas.


O que curam e o que náo curam

Males Físicos

A maior parte dos males físicos de que os encarnados sofrem, são causados pelos maus hábitos, vícios e má alimentação. Os mentores nestes casos se utilizam das diversas terapias para a cura mas principalmente esclarecem ao encarnado quanto a órigem de tais males, sugerindo dietas, o abandono ou diminuição dos vícios e mudança de hábitos. Nestes casos a cura definitiva só pode ser obtida com a plena conscientizaçã o do paciente e com a sua força de vontate e compromisso na obtenção do equilíbrio orgânico.

Males Mentais

Parte dos males mentais (depressão, angústia, apatia) são causados por obsessores, mas a maior parte deles tem por origem a própria atitude mental do paciente. Pensamentos negativos atraem energias negativas, que quando se tornam constantes e intensas podem se materializar no corpo físico na forma de doenças. Males como: úlceras, enchaquecas, hipertensão, problemas cardíacos, e até mesmo algumas formas de câncer podem ser provocados pela mente do pacinte, quando esta se encontra tomada por pensamentos negativos.

Também neste caso os mentores além de indicarem os tratamentos apropriados, esclarecem ao paciente quanto a necessidade de mudar a atmosfera mental, com objetivo de não ficar atraindo continuamente energias desequilibrantes, costumam também sugerir passeios por locais da natureza e o hábito da prece como forma de atrair energias novas e regeneradoras.

Males Kármicos

Os males kármicos se caracterizam por doenças incuráveis (fatais ou não) tanto pela medicina alternativa, quanto por terapias alternativas ou por meios espirituais. Nestes casos o tratamento visa o alívio do paciente ou ampará-lo emocionalmente para que sua atitude mental não tome o rumo da revolta ou do desespero.

As doenças karmicas são males que escolhemos antes de encarnar como forma de resgatarmos erros passados. Típicos males kármicos são: Cegueira de nascença, mudez, Idiotia, Eplepsia, Sindrome de Down, Más-Formações do corpo físico, etc. Na maior parte são males de nascença, embora algumas doenças possam ter sido “programadas” para surgir em determinada época da encarnação.


Nestes casos os mentores não podem (e nem deveriam) curar o corpo, pois através do padecimento deste é que o espírito está resgatando suas faltas e aprendendo valiosas lições para sua evolução e crescimento.

Males Espirituais

São aqueles causados pela atuação dos espíritos (obsessores, vampirizadores, etc.) e que se refletem no corpo físico. Nestes casos os mentores cuidam do corpo físico enquanto o paciente é tratado também em sessões de desobsessão, descarrego, etc.

Ou seja os mentores com as terapias à seu alcance minimizam e atenuam os males causados ao corpo físico enquanto o paciente é tratado na origem espiritual do mal de que sofre.

Quando o paciente se vê livre da presença espiritual nociva, os mentores costumam ainda continuar com os tratamentos visando reparar os males que já haviam sido causados ao organismo, até que ele retorne ao seu equilíbrio.

A Sessão de Cura (O visível e o Invisível.)

Os Pacientes

O paciente deverá abster-se de bebidas alcoólicas, café, cigarro, carnes de origem animal e sexo, 24 horas antes da consulta, da visita e da cirurgia espiritual.

A Preparação

Muito tempo antes dos portões da casa espírita se abrirem ou dos médiuns chegarem, o ambiente destinado aos tratamentos já está sendo limpo e preparado.

Os procedimentos começam com o isolamento da casa espírita que é cercada por equipes de vigilantes espirituais (os exus), que impedem a entrada de espíritos perturbadores e fazem a limpeza fluídica dos encarnados que chegam. Caso seja nessessário, podem provocar até mesmo um mal estar ou utra situação de forma a afastar as pessoas que venham a casa espiritual com má intenção ou envolta em fluidos que possam perturbar os trabalhos.

Logo após se procede a limpeza do ambiente interno da casa e em seguida há uma energização do ambiente. Em paralelo a isto, alguns espíritos trazem até o ambiente alguns fluidos extraídos da natureza, para serem utilizados posteriormente no tratamento dos pacientes.

Em seguida a isso vão chegando a casa os mentores com suas equipes de trabalho de forma a se reunirem e fazerem o planejamento dos trabalhos a serem executados.

Fora da casa espírita, os médiuns que irão ser veículo dos mentores, devem estar se preparando física e mentalmente para os trabalhos, e já estão sendo magnetizados e preparados pelo plano espiritual de forma a terem maior sintonia com os mentores.

Quando os médiuns chegam a casa, continuam sendo preparados pelas equipes espirituais. E enquanto cuidam do ritual (incensos, cristais, velas, etc.) vão entrando em sintonia com o plano espiritual. A preparação termina com a prece de abertura, onde o pensamento dos encarnados e desencarnados se une numa súplica ao Divino Médico para que ele interceda por todos.

Após isso os mentores de cura se manifestam e dão sua mensagem indvidual para o início dos trabalhos.

A Mesa

A mesa da sessão de cura é composta por 3 ou 4 médiuns que devem se manter em concentração/oraçã o durante todo o tempo em que estiverem compondo a mesa, e só devem romper a concentração após a partida de todos mentores que estiverem trabalhando.

A mesa funciona como um ponto focal de energias, é através da mesa que chegam as energias e ordens de mais alto e são distribuídas às equipes. Por ser um local onde existe alta concentração/oraçã o é o ponto para onde convergem as energias mais puras e mais sublimes da sessão de cura. Eventualmente, podem se manifestar à mesa algum mentor de cura, ou algum dos médiuns pode ser utilizado em alguma psicografia (por isso mesmo é interessante manter lápis e papel á mesa).

Na mesa também fica a água a ser fluidificada e o nome de algumas pessoas que receberão irradiação.

Os Médiuns

Os médiuns que não estiverem trabalhando com seus mentores, compondo a mesa ou atuando como cambonos dos mentores devem manter o silêncio a concentração e a oração.


Devem utilizar esse momento para permitir que seus próprios mentores os preparem para futuramente trabalharem com eles. E ter também consciência de que toda a energia positiva que estiverem atraindo para os trabalhos de cura através de sua concentração/oraçã o estará sendo amplamente utilizada pelos mentores e pelas equipes de cura para levar a caridade a todos os que estiverem sendo tratados.

O Encerramento

No encerramento, os mentores de cura dão suas mensagens finais e partem. Neste momento os médiuns que compõem a mesa também pode romper a concentração. Todos os médiuns tomam da àgua fluidificada que está na mesa. E caso o digigente julgue conveniente, pode efetuar a leitura de alguma mensagem que porventura tenha sido psicografada.

No plano espiritual, o trabalho ainda continua, com distribuição de serviço entre as equipes espirituais. Somente após a saída de todos os médiuns e com o encerramento dos trabalhos de cura no plano espiritual é que a corrente dos vigilantes (exus) se desfaz. Embora a casa continue sendo vigiada, apenas não de forma tão ostensiva.

Retirado da Apostila do curso de Umbanda da Sociedade Espiritualista Mata Virgem


Fontes de Pesquisas: Não informadas

segunda-feira, 12 de abril de 2010

domingo, 11 de abril de 2010

Conhecendo seu Guia na Umbanda

É muito comum no inicio das incorporações, quando a gente está ansioso, com medo , curioso e inseguro para saber quem são nossas entidades, como trabalharam, nomes, etc… Todos nós médiuns já passamos por isso…..Quando há as incorporações o médium fica mais que atento a qualquer palavra que saia de sua boca “se eu falando ou a entidades, o que vai acontecer agora, o que ele tá fazendo” ….. tudo isso faz parte do ínicio, pois ser consciente é perfeitamente normal e não é sinal de “falta de firmeza, ou imaturidade nas incorporações, ou fraqueza do médium.

E é nessa fase onde o médium atua muito junto com a entidade, por sua participação , ‘interatividade” que é peculiar nesse ínicio, ocorre maior incidência de uma interferência do médium , sobrepondo a da entidade.

Porém, com o passar do tempo, o médium vai ganhando confiança, vai aprendendo a ficar mais alheio das manifestações da entidades, pois para ele não terá mais mistérios e se reservará da total abstenção de qualquer tipo de interferência, inclusive de sua própria opinião do que a entidade deveria agir, falar ou conduzir numa consulta.

Muitas pessoas desistem no inicio, por não aceitar sua consciência e não conseguir trabalhar psicologicamente essa questão e achar que é ele ali e não a entidade. De não insistir e entender que as incorporações vão se firmando com o tempo. Pois nossa forma de trabalhar mediúnicamente é muitíssimo diferente de Candomblé e Espíritismo. E para a Umbanda a afinidade e sintônia nas incorporações é de fato, mais demorada. E nesse processo de ajustes, equalizações e estabelecer uma sintonia satisfatória , o médium deve entender que haverá sim erros, o seu sobrepor a propria entidade, o animismo, porque faz parte desses ajustes. Por isso o médium não deve ser pemitido ao estarem sob influência das entidades; beber, fumar e principalmente, dar consultas e atender o público, quando essa sintonia não se estabelecer de fato, avaliado pelo dirigente e guias chefes da casa.

Nao é que não podem ….. é normal as entidades não darem nomes de suas falanges no ínicio, pois o médium ainda não está preparado mediúnicamente falando … demora-se um tempo para estabelecer uma sincrônia entre a faixa vibratória da entidade com a do medium e somente quando houver harmonia, e com menos risco de animismos por parte do médium, é que elas trazem sua falange.

Antes de tudo cada guia que incorpora é único, cada um é um espírito em particular, com seu jeito de agir e pensar. O nome de que se utilizam é apenas um indicativo da forma que trabalham de sua linha e irradiação. Por isso podemos ter vários espíritos trabalhando com o mesmo nome, sem que sejam por isso um só espírito.

É como ser um médico, engenheiro, etc… Todos possuem um conhecimento comum, além do conhecimento individual. E isso faz com que trabalhem de forma diferente, mas seguindo a mesma linha geral. A mesma coisa acontece com nossos guias, então é comum escutar:

- Como é o Caboclo X?


- Me conte a estória do Preto Velho Y


- Como é o ponto riscado do Exú Z?

Isso pode ocasionar vários promelhas no início do desenvolvimento, o médium lê uma descrição de que o Caboclo Y fuma. E ele fica com “isso” na cabeça, assim que chega no momento de trabalhar com o seu guia o Caboclo Y (também) ele pede um charuto, e aparti daí fica mais difícil de romper essa barreira anímica criada pelo médium.

Ou então o médium lê que o Exu Z quando incorpora ajoelha no chão, aí pensa, “nossa o que eu incorporo não ajoelha!!!” e começa a se sentir inseguro quanto a manifestação do seu guia, podendo com isso atrapalhar o seu desenvolvimento.

Pra resumir, a melhor forma de conhecer seu guia e através do tempo, do desenvolvimento e do trabalho com ele, assim pouco a pouco você vai se interando de como ele é, como gosta de trabalhar, etc.

Tirado do texto de A. Araújo


Publicado em Médiuns, Umbanda, estudos, guias, religião

sábado, 10 de abril de 2010

ESPECIAL CHICO XAVIER - VEJA ABAIXO

IRMÃ DULCE

Tv Manchete - Por que pessoas que fazem tanto bem para a Humanidade, como a Irmã Dulce, tem uma morte tão sofrida?


Chico Xavier:

- Lembrando com muito respeito e reconhecimento a Irmã Dulce, nossa patrícia, nós perguntamos: E por que o sofrimento de Jesus no lenho? ! Ele era o guia da Humanidade e, a bem dizer, um anjo protetor da comunidade humana. É que nós necessitamos de uma interpretação mais exata do sofrimento em nosso caminho diário. Creio que todos nós devemos pagar o tributo da evolução, no agradecimento à Divina Providência dos bens que desfrutamos.

E nesse particular, se é possível, eu peço licença para recordar o meu próprio caso. Eu sempre tive uma vida normal, como a de tantos seres humanos. Entretanto, com uma labirintite que me apanhou há 3 anos, sou agora praticamente um paraplégico, porque tenho as minhas pernas constantemente doloridas e inúteis.

Mas reconheço que estou com 82 anos de existência física, a caminho dos 83, tenho muita alegria de viver e tenho muita satisfação pela oportunidade de conhecer uma doença que me priva da vida natural de intercâmbio com os próprios familiares.

Um paraplégico que se habituou a usar muletas nos visitou há dias e me perguntou: “ Chico Xavier, eu sou um leitor das páginas mediúnicas que você tem recebido... Indago a você por que é que Emmanuel, um Espírito benemérito; por que é que André Luiz, um médico de altos conhecimentos; por que é que Meimei, uma irmã que foi a professora devotada da infância e da mocidade; por que é que o Dr. Bezerra de Menezes, que continua sendo, na Vida Maior, um médico do mais elevado gabarito e que é seu amigo – por que é que eles não curam você?”

Eu disse assim: “ Meu amigo, graças a Deus, eu não me sinto com privilégio algum... A mediunidade não me exime das vicissitudes e das lutas naturais de qualquer pessoa dos nossos grupos sociais”.

Penso que essa moléstia tão longa e tão difícil é um ensinamento de que eu necessito, porque, quando chegar à Vida Espiritual, breve como espero, e algum Instrutor me perguntar: “Chico Xavier, você nunca teve uma moléstia grave que durasse longo tempo?...” Eu vou dizer:

“Sim, fiz 80 anos e, depois do dia em que completei 80 anos, começou a defasagem do meu corpo físico...” Mas isto é muito natural em qualquer pessoa, especialmente na pessoa idosa. É uma crucificação gradual e que eu necessito, para não ficar envergonhado no Além, quando eu chegar à convivência dos nossos irmãos já desencarnados... Eu quero não sentir vergonha de nunca ter sofrido...

Mas para mim isto não é sofrimento. Tenho muitos bons amigos, cultivo a amizade com muito calor humano, gosto muito da vida e sei que vou continuar vivendo... Se Jesus permitir, os médicos desencarnados lá me ofertarão, talvez, quem sabe?, alguma melhora ou, se a doença continuar, eu devo saber que é a Vontade de Deus, é o Desígnio Divino que nos deu a felicidade da vida...

Então, eu estou aqui com vocês na maior alegria e creio que nenhum escutou de mim qualquer queixa, porque estou muito bem. Não me falta alimentação, não me falta alimentação, não me falta medicina, os médicos amigos me tratam estudando a moléstia com muita atenção, me proporcionando as melhoras possíveis...

E eu continuo há 2 anos na condição de paraplégico, mas estou muito feliz e, creio eu, estou muito longe da grandeza espiritual da Irmã Dulce, não tenho nada a me queixar, e sim agradecer; eu creio que ela também terá sentido muita felicidade ao se ver libertada do corpo doente. Se ela puder – eu compreendo-, ela, sendo possível, nos auxiliará.


Transcrição Parcial da entrevista concedida à TV Manchete, de Uberaba,


Minas, em 11 de maio de 1992 - Anuário Espírita - 1995

IMPRENSA

Ney Gonçalves Dias - Nós entramos na casa das pessoas, no ouvido das pessoas, nos olhos das pessoas. A imprensa, o rádio, a televisão modificam opiniões das pessoas, estabelecem campanhas, modificam comportamentos. Como é que é visto este trabalho importante da imprensa, do rádio, da televisão pelo Mundo Espiritual?


Chico Xavier:

- Na Inglaterra há uma lei que consideramos de muita importância. A própria imprensa, através da cúpula formada pelos homens de responsabilidade que a representam, decidiu formar uma associação de censura, de tudo que tivesse de ser lançado ao público pelos mais novos, pelos jornalistas, pelos radialistas, por todos aqueles que estivessem começando a tarefa de se comunicar com o público. No Brasil, a minha opinião pessoal, sem qualquer crítica, mas absolutamente sem qualquer crítica, eu creio que os excessos na televisão, nos jornais e nas revistas são de molde a falsear os sentimentos e pensamentos de muita gente.

Momentos principais do Especial com Chico Xavier d

o Programa "Terceira Visão", da Rede Bandeirantes,

São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987.

Enviado por Luz do Evangelho - luzdoevangelho@aol.com

CRIANÇA

Se o senhor tivesse que dar uma mensagem a uma criança, ou mesmo a um filho, para que ele pudesse vencer espiritualmente na vida, o que diria?


Chico Xavier:

- Se eu tivesse um filho (tive na minha vida algumas crianças que cresceram sob a minha responsabilidade), ensinaria nos primeiros dias de vida desse filho o respeito à existência de Deus e o respeito à justiça e amor ao trabalho. E, em seguida, ensinaria que ele não seria, e não será, melhor do que os filhos dos outros.



Reportagem dos jornalistas Airton Guimarães e José de Paula Cotta,


do jornal "Estado de Minas",


publicado nas edições de 8, 9, 10 e 12 de julho de 1980.

Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor,


editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais.

Enviado por Luz do Evangelho - luzdoevangelho@aol.com

NATUREZA

O que poderá acontecer ao mundo se continuarem as atuais agressões à natureza?


Chico Xavier:

- Acontece que estamos agredindo, não a natureza, mas a nós próprios e responderemos pelos nossos desmandos.

É importante pensar que se criou a Ecologia para prevenir estes abusos.

Aqueles que acreditarem na Ecologia acima de seus próprios interesses nos auxiliarão nessa defesa do nosso mundo natural, da nossa vida simples na Terra, que poderia ser uma vida de muito mais saúde e de muito mais tranqüilidade se nós respeitássemos coletivamente todos os dons da natureza.

Mas, se continuarmos agredindo-a demasiadamente, o preço será pago por nós próprios, porque depois voltaremos em novas gerações, plantando árvores, acalentando sementes, modificando o curso dos rios, despoluindo as águas, drenando os pântanos e criando filtros que nos libertem da poluição.

O problema será sempre do homem.

Teremos que refazer tudo, porque estamos agindo contra nós mesmos.

Transcrito do livro Chico Xavier - Mandato de Amor,

editado pela União Espírita Mineira - Belo Horizonte, Minas Gerais.

Enviado por Luz do Evangelho - luzdoevangelho@aol.com