domingo, 28 de março de 2010

TRANSE E POSSESSÃO VISTA PELA CIÊNCIA E RELIGIÕES

3.1 - INTRODUÇÃO


Existem ampla biografia e pesquisadores que discutem problemas relacionados com o fenômeno do TRANSE e da POSSESSÃO. Aqui apresentarei uma síntese da opinião de alguns desses, que relatam a diferença entre TRANSE RITUALISTICO e TRANSE PATOLÓGICO , o significado de POSSESSÃO e os tipos de MEDIUNIDADE.






Um breve relato também, é apresentado sobre o uso de certos medicamentos alucinógenos e/ou causadores de transtornos comportamentais, que em décadas passadas, eram utilizados para controle da Epilepsia.






Hoskins – 1975, distingue três fenômenos diferentes: A MEDIUNIDADE, que designa genericamente o fato da comunicação entre Homens e Espíritos, não se confundindo com a possessão, o TRANSE, que se refere a alterações orgânicas e fisiológicas no estado corporal tido como “normal”; e a POSSESSÃO, definida geralmente como um estado de consciência, “alterada”, no qual o individuo experimenta no próprio corpo a manifestação dos seres em cuja existência acredita. Havendo assim, TRANSE sem possessão e POSSESSÃO sem transe, sendo o mais freqüente a associação dos dois fenômenos. Poderão observar que, a significação desses três termos, nem sempre é o mesma, alterando-se de autor para autor.






Outro conceito de TRANSE é apresentado pelos centros (seitas) espíritas brasileiros (Kardec, Umbanda, candomblé...), que é o TRANSE RITUAL (Personificação verbal). Que desempenha função assistencial na saúde da população de diversas classes, tendo o seu próprio método para abordar e lidar com os transtornos mentais e do comportamento, fazendo com que o indivíduo adquira controle sobre o seu transe.






3.2 - MEDIUNIDADE


Mediunidade é a ação consciente ou inconsciente dos seres encarnados, pois todos da chamada classe dos Racionais e alguns Irracionais possuem este Dom. A Mediunidade se divide em dois grupos principais e distintos, à saber:






Mediunidade Psíquica ou intuitiva


Mediunidade Somática ou mecânica


MEDIUNIDADE PSÍQUICA OU INTUITIVA: é aquela em que o médium, escuta palavras formarem-se no cérebro e as escreve (ou transmite) de livre e espontânea vontade. Como na maioria das vezes, a transmissão é rápida demais. Há neste grupo de mediunidade a possibilidade de que o médium escute uma coisa e transmita outra, ou melhor dizendo, escuta uma frase completa e dá-lhe sua própria interpretação, porém, na maior parte das vezes, contraria o sentido original do que foi recebido.






MEDIUNIDADE SOMÁTICA OU MECÂNICA: é aquela em que o Espírito domina e utiliza parte do corpo do médium, ou o todo, independentemente e sem possibilidade de intervenção do mesmo.






Em ambos os grupos de Mediunidade acima mencionados, encontram-se os seguintes tipos de mediunidade, em ordem decrescente em grau:






8) CLARIVIDÊNCIA






7) VIDÊNCIA






6) PSICOGRAFIA






5) PSICOMETRIA






4) AUDIÇÃO






3) CURADORA






2) PASSISTA






1) INCORPORAÇÃO (Mediunidade de Prova)






Todos os seres encarnados possuem estes sete tipos de Mediunidade, quer seja só de um grupo ou de ambos, latente à espera de um desenvolvimento (ou aprimoramento), porém tem sempre acentuado em especial, um dos tipos, que será a sua Mediunidade na presente existência.






Exemplo: é passista, curador, porém tem na incorporação o tipo mais intenso, pelo qual se desencubirá dos demais.






CLARIVIDÊNCIA: é a atuação de uma vibração na mente do médium, descrevendo através dela quadros possíveis de acontecer, dependendo do fator TEMPO.






VIDÊNCIA: é uma mentalização material, inata, podendo ver coisas materiais, passadas em outro local e/ou espirituais, de olhos abertos e de frente.






PSICOGRAFIA: é a faculdade mediúnica de receber vibrações, que os fazem transcrever mensagens espirituais.






PSICOMETRIA: Faculdade de ler impressões e recordações ao contato com objetos e documentos comuns, perceber o lado oculto do ambiente. Tida, também, como uma outra modalidade da CLARIVIDÊNCIA em que os objetos servem para fornecer pistas ao psicômetra.






AUDIÇÃO: é aquela em que o médium ouve vozes, transmitindo as boas e más notícias.






CURADORA: é a faculdade inata e esclarecedora da cura, através de conselhos, ervas, etc.






PASSISTA: é a capacidade de movimentar vibrações através de passes para equilibrar e fortalecer as forças positivas e diminuir e também equilibrar, as forças negativas.






INCORPORAÇÃO: é a faculdade de entregar o seu corpo à vibração do plano astral, facilitando a comunhão do Espírito Comunicador com as vibrações materiais do seu corpo, para que, através do mesmo, seja dado o socorro, a ajuda, enfim o esclarecimento e tudo necessário aos eternos pedintes que somos.






MÉDIUM: é o intermediário entre o plano físico (ou material) e o plano espiritual. Levando-se em conta os sete tipos principais de Mediunidade, cremos que 80% dos médiuns existentes têm como classificação primordial a INCORPORAÇÃO, porquanto este orbe é um planeta presídio e de expiação de faltas cármicas. Os 20% restantes está proporcionalmente distribuído entre os restantes tipos de Mediunidade. Fazem parte fundamental do currículo do médium, que entende a sua missão, os seguintes quesitos voluntários:






HUMILDADE


OBEDIÊNCIA





DESPRENDIMENTO


DISCERNIMENTO


PROPÓSITO


FIM


O Fim é o aprimoramento que o médium procura em todos os outros quesitos e é vislumbrado quando o Ser percebe que o uso condigno e confiante da Mediunidade, tem valia em algo de bem e de bom para alguém. Todo o Ser é um iniciado em potencial, ignorando de início o Modus Operanti, utilizando-se do seu Livre Arbítrio, estudando o fenômeno, progredirá de acordo com a intensidade de suas qualidades essenciais.






Por esta razão, nem todos os médiuns têm progresso idêntico. Ser médium é em síntese, ser um pesquisador constante, que inicia por conhecer-se à si próprio, descobrindo e equilibrando suas forças positivas e negativas, para depois então, e só então, partir para o estudo do Universo que o rodeia.






3.3 - TRANSE PATOLÓGICO


Mostrarei, a seguir, três casos que comportam um diagnóstico médico: Epilepsia do lóbulo temporal, a Enxaqueca e a Síndrome de Tourette (TRANSE PATOLÓGICO) e após, darei um breve relato sobre TRANSE RITUALISTICO.






Algumas crises neurológicas (Epilepsia), neuropsiquiátricas (Síndrome de Tourette) ou psiquiátricas (Esquizofrenia, Histerias...) podem se manifestar por sensação de horror e medo, por violências, convulsões (febre alta em crianças entre 6 meses a 5 anos), por lançar enfermo ao solo, falar “línguas estrangeiras”, episódio de êxtase místico, preocupações religiosas, compulsões, podendo ocorrer sentimentos de bondade extrema. Muitos atribuem esses sintomas, ao uso de medicação empregada como o Fenobarbital na panacéia anti-epilética que promove o barbiturismo, isto é, a combinação de sonolência com transtornos cognitivo-comportamentais em grau variado. Muitos dos seus usuários, prisioneiros do próprio tratamento, foram iatrogenicamente transformados em pacientes psiquiátricos e encaminhados para “tratamentos especializados” em deprimentes masmorras psiquiátricas espalhadas por todo o país, de onde poucos saíam, e vivos menos ainda. Além disso, depressão grave induzida pelo uso prolongado, é por demais freqüente para ser ignorada e deveríamos dar um basta definitivo na tragicomédia representada pela prescrição de drogas anti-depressivas para o tratamento deste comum efeito colateral.






Doença cerebral caracterizada por convulsões devida a febre alta; a Epilepsia pode se manifestar na população em função de condições precárias existentes no Terceiro Mundo, tais como falta de higiene, falta de saneamento básico, problemas nutricionais, atendimento médico insuficiente e de baixa qualidade como no caso dos portadores de Epilepsia causada pela Hipertensão Arterial ou por AVC (Acidente Vascular Cerebral). A Epilepsia é o mais comum dos distúrbios neurológicos. Ministério da Saúde não possui dados para afirmar o número de portadores da doença no Brasil. Estima-se que alcançam 5 milhões na América Latina e no Caribe.






A Disritmia do Lobo Temporal pode acarretar dentre os mais diversos casos de transtornos psiconeurológico, a tão conhecida Enxaqueca, trazendo episódios definidos como visão da aura, quando então são vistas luzes brilhantes muito similar as visões místicas. Há entre a Epilepsia e a Enxaqueca uma conexão ainda não devidamente esclarecida. Porém, um brilhante cientista brasileiro, Drº Aristides Leão, deu uma enorme contribuição para a causa, descrevendo essa conexão como o fenômeno da depressão alastrante, provável chave para a cura definitiva do problema, sendo ignorado pelos médico. Na verdade, está bem longe de constituir raridade, ver enxaqueca e epilepsia entrelaçadas em um mesmo indivíduo. Entretanto, é exageradamente freqüente, ver sofredores de genuínas enxaquecas como portadores de típicas Epilepsia.






A Síndrome de Tourette, que é um transtorno psico-neurológico, interpretada, erroneamente, como possessões do “demônio” por fazer com que a pessoa profira palavras estranhas (aglossolalia – sons desconexos), está relacionada com a base genética, muito comum no sexo masculino, apresentando características como, tiques motores (puxar a cabeça, entortar o pescoço, se morder, fazer caretas); ou vocais: gaguejar, pigarrear, fungar, estalar língua. A coprolalia é bem mais rara (falar palavrões e obscenidade) . A Pessoa não precisa ter os dois grupos de sintomas. Os tiques se repetem inúmeras vezes todos os dias, por anos. É possível controlá-los por um curto período, sendo que geralmente voltam num acesso bem forte em seguida. Quase todos os tiques podem ser completamente controladas com medicação, mas ainda não existe cura completa. Quanto mais cedo se trata melhor, principalmente para evitar que a criança seja estigmatizada.






A neurociência permite que essas pessoas, com diagnóstico de um desses transtornos, possam ser tratados adequadamente, em vez de serem considerados como iluminados, paranormais, mediúnicos... Entretanto, delirar e alucinar com isso ou aquilo dependerá do psiquismo de cada um. Mesmo assim, há controvérsia.






O estado de TRANSE e de POSSESSÃO (ACID – Classif. Internacional das Doenças). Trata-se de um transtorno caracterizado por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente. Devem ser incluídas nesse diagnóstico somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluída aqueles de situação admitidas no contexto cultural ou religioso do sujeito. Em que o transe é voluntário e ocorre no momento em que isso lhe é adequado. Para que o quadro seja reconhecido como estado de transe e possessão não deve ser voluntário.






O DSM-IV (Classif.de Doenças Mentais da Associação Norte-Americana de Psiquiatria), por sua vez, classifica o mesmo quadro como TRANSTORNO DISSOCIATIVO. Esta categoria se destina a transtornos nos quais a característica predominante é um sintoma dissociativo (isto é, uma perturbação nas funções habitualmente integradas da consciência, memória, identidade ou percepção do ambiente. Exemplo: Lavagem Cerebral, reforma de pensamentos ou doutrinação em cativeiro.






Estes foram os tipos de TRANSES PATOLÓGICOS ditos como transtornos mental ou doença cerebral onde o transe é involuntário com lesão de lobo temporal. Deixando claro que uma coisa não tem nada haver com outra. A faculdade mediúnica, algumas vezes, é um indício de um estado anormal, mas não patológico; há médiuns de saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas. A mediunidade não produzirá a loucura quando o princípio não exista; mas, se o princípio existe, o que é fácil de se reconhecer pelo estado moral, o bom-senso diz que é preciso usar de cautela sob todos os aspectos, porque toda causa de agitação pode ser nociva. Quando o médium está desenvolvido, seus transes passam a ser ritualísticos e mais controlados, podendo entrar e sair de um transe, controlando agora o que antes se manifestava de forma desordenada e descontrolada,, causando-lhe medo, dissociação, mal-estar e sofrimento. Esse medo só ocorre, porque a pessoa acredita num mundo paralelo, no mundo dos fantasmas. Se ele crer nisso é porque pressente a existência deles. Não deixando de ser um sinal de fé. Arrepios, palpites e adivinhações, telepatias e outros dons semelhantes, são sem dúvidas, outra indicação da mediunidade.






Cristina Pozzi Redko é uma Antropóloga que publicou interessante trabalho sobre Cultos de Aflição entendendo-se esse tipo de culto como aquele para o qual se dirigem pessoas aflitas e em busca da resolução de problemas concretos do cotidiano. Com esse enfoque, a religiosidade é usada para resolver problemas que dizem respeito a doenças, dificuldades amorosas, financeiras e problemas familiares, sem descartar, em determinados casos, o fato do problema ser de ordem médica, no que estaria, se assim fosse, protelando perigosamente um tratamento médico adequado.






Segundo um pesquisador chamado Fernando Portela, Psiquiatra, relata que, a maioria das pessoas que se apresentam em TRANSE não são, decididamente, portadores de nenhuma patologia psiquiátrica. Trata-se da influencia de elementos sócio-culturais na representação da realidade. A influencia da cultura nos sentimentos, afetos e comportamentos não deve ser, por si só tomada como doença mental.






Quando estudamos seitas espíritas ou centros, encontramos um fenômeno único sobre o qual assenta-se toda a diversidade dos seus rituais e crenças: O TRANSE RITUALISTICO e o FENÔMENO DE POSSESSÃO.






Os centros espíritas (seitas) oferecem aos seguidores uma terapia transcultural baseada no transe ou mediunismo, recebendo nomes como “desenvolvimento mediúnico”, “assentamento do santo”, etc. dependendo de sua origem. Esta forma de psicoterapia, não verbal e dessensibilizadora, ocorre em sessões repetidas até o desaparecimento dos sintomas e restabelecimento do equilíbrio emocional da personalidade. Ocasião em que muitas vezes acontece a conversão do padecente, agora curado, na fé professada pelo culto. Os indivíduos que se beneficiam desta transiterapia são via de regra aqueles que sofrem de todos as formas de transtornos dissociativos (ou conversivos) e suas múltiplas nuanças (estas nem sempre reconhecidas pela maioria dos psiquiatria). Também as fobias simples, o transtorno do pânico, transtorno no stress pós traumático, a maioria das funções sexuais, etc. condição que apresentam fenomenologia dissociadas as dissociativa (isto é, que dissipa, descarrega facilmente), muitos se beneficiam com esta forma de psicoterapia transcultural.






Os transe ritual comumente visto nos centros e terreiros, além de fazer um regulagem psico-social, produzem uma intensa descarga de energias efetivas patogenicamente represadas, produzindo autoregulação orgânica e bem estar biopsicossocial. Podendo ser induzido artificialmente ou espontaneamente e é de natureza reversível, havendo pessoas com maior facilidade para esse fenômeno que outras. Podendo ser facilitado e controlado pelo treinamento. Sua manifestação pode ser inconsciente, com sensações de bem estar É um mecanismo que destina a integrar funcionalmente o sujeito dentro de um complexo cultural.






A formação de um médium começa pela seleção dos pacientes nervosos, identificados como médium NÃO desenvolvidos. Os que não se adéquam à este diagnóstico espiritual são enviados aos médicos e psicólogos. As pessoas procuram um centro espírita por necessidade ou por pressão de sua própria cultura. Muitos são padecentes nervosos que encontram em um centro de sua comunidade alívio e cura para os seus males. Um médium reconhece a outro médium, e o distúrbio do padecente é tido como uma resistência à livre expressão da mediunidade, portanto, o tratamento será o “Desenvolvimento da mediunidade”, que consiste em fazer o padecente manifestar seu transe em dias e horários fixos, as “sessões de desenvolvimento”. Esse critério é o único que levará a pessoa a aprender a controlar seus transes, cujo desconhecimento e sintomas levam ao medo, ansiedade e somatizações variadas, de natureza quase sempre dissociativas, infelizmente pouco percebidas pela maioria dos nossos psiquiatras, formados numa cultura distanciada do popular.






Na Umbanda, essa pessoa poderá incorporar no ponto de chamada, de acordo com a tipicidade da linha (caboclo, criança, exu...), normalmente terá de cumprir todas as ordens da hierarquia do terreiro. Tudo com muita cautela e tempo de treinamento, que para se chegar a isso, o médium passa uma dificuldade de saber o que fazer dentro do terreiro. Ele está incorporado com o Orixá, sentindo toda sua energia, mas ainda falta muito para dar o passo certo como cavalo bem domado, chagando mesmo em alguns momentos achar que o espírito se afastou, fato explicado impulso mental do médium. Dificilmente um médium é sonâmbulo (inconsciente), sendo o mais comum o médium consciente, aquele que sabe o que está acontecendo mas não tem controle das palavras e dos gestos, criando uma espécie de fusão do espírito do médium com o espírito comunicante, formando-se uma terceira energia. É impossível a comunicação pura do espírito. O importante é a presença do espírito, com maior ou menor intensidade. Com o tempo esse médium ganha seu charuto , cachimbo ou cigarro de palha, conforme a entidade, e é quando ele começa a se acalmar, até procurar um lugar para sentar. Daí para riscar o ponto é bem mais rápido. Então, quando o médium está desenvolvido, seus transes passam a ser ritualísticos. Sobre a responsabilidade moral dos atos praticados por pessoas em transe, apesar de se falar que, em transe, as pessoas fazem muitas coisas que jamais fariam fora deste estado e que não controlam sua vontade, afirma-se que a entidade incorporada não pode levá-las a praticar atos contrários a seus princípios morais ou que extrapolam seus limites.






Em hipótese alguma, o médium em desenvolvimento deverá tentar adivinhar o nome do espírito; não querer riscar o ponto sem antes estar bem assentado com a entidade; não tentar dar avisos e recomendações a ninguém e não pensar que esse espírito é seu, porque espírito não tem dono. Tudo isso é um erro e atrapalha bastante a evolução da mediunidade, afirma Pai Fernando da Umbanda Pés no Chão – site de Pai Maneco.






A função terapêutica do transe e possessão ritual em nossa cultura foi pela primeira vez reconhecida pelo psiquiatra carioca Jacques Mongruel (1947), numa nota apresentada ao I Congresso Interamericano de Medicina, ocorrido em 1946 na cidade do Rio de Janeiro, em que estabeleceu as bases par um fenômeno cultural que denominou de “Transe Psicautônomo”, ou seja, uma manifestação psíquica espontânea de natureza autônoma.Chamando a atenção da comunidade médica brasileira para as “escolas de médium”. Nelas, o padecente são submetidos a sessões de “desenvolvimento da mediunidade”. Levam-se semanas ou meses até que estes indivíduos adquirem domínio sobre os seus transes, e aqueles que aprendem a recuperar os emocionalmente desajustados são selecionados para trabalharem como médiuns no centro. Quando o indivíduo adquire controle sobre o seu transe no ambiente deste local (centro ou seita), muitas vezes passa a falar com lucidez e equilíbrio, aconselhando, julgando com ponderação, etc, o que Mongruel chamou transe de “personificação verbal” é o que hoje denominamos de “transe e possessão”.






Para melhor diferenciação, devemos conceituar estes termos conforme encontramos n'A Gênese (GEN - Cap XIV - itens 45 a 49): Possessão não é invariavelmente, uma obsessão. Isto é, substituição, posto que parcial, de um espírito errante a um encarnado.






a) Obsessão é a ação persistente que um mau Espírito exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, desde a simples influência moral sem sinais exteriores sensíveis até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.






b) Possessão é a ação que um Espírito exerce sobre um indivíduo encarnado, substituindo-o temporariamente em seu próprio corpo material. Esta ação não é permanente considerando que a união molecular do perispírito ao corpo opera-se somente no momento da concepção.






A ciência e a Religião não puderam se entender até hoje, porque, cada uma examinando as coisas sob seu ponto de vista exclusivo, se repeliam mutuamente. Seria preciso alguma coisa para preencher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse; esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal, leis tão imutáveis como as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Essas relações, uma vez constatadas pela experiência, uma luz nova se fez: a fé se dirigiu à razão, a razão não encontrou nada de ilógico na fé, e o materialismo foi vencido.






A psiquiatria oficial não reconhece os sinais e sintomas do transe. O choque de linguagem entre culturas da psiquiatria científica e do padecente proporciona um conflito entre ciência e mito, resultando freqüentemente na resistência deste último, que acabará indo à algum desses centros ou seitas espíritas.






3.4 - Conclusão:






Devido ao modelo assistencial da saúde mental ser extremamente caro. Seria muito interessante se órgãos oficiais integrassem com os centros ou seitas espíritas que, via de regra, são mantidas pelas próprias comunidades e desempenham um importante papel social. Líderes espirituais poderiam ser treinados nos rudimentos da psicoterapia, afim de aperfeiçoarem o seu trabalho e ampliar o alcance assistencial para população.






Bibliografia:






- Internet: Transe nas religiões Afro-Brasileiras (versão preliminar) – Dr.Sergio Ferretti














- ALLAN KARDEC - O livro dos Médiuns. 1987.














- Internet: Artigos tirados de documentários e sites de Umbanda.



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